O que são disruptores endócrinos (DE), onde existem e como evitá-los?
2019-01-21Os disruptores endócrinos (DE) são substâncias exógenas ao corpo humano e que interferem na síntese, secreção, transporte, metabolismo ou eliminação das diferentes hormonas. Neles inclui-se um grupo muito heterogéneo de compostos, que vão desde químicos sintéticos (também conhecidos por xenoestrogénios) a alguns produtos constituintes naturais de algumas plantas. A avaliação do seu impacto na saúde é extremamente difícil, mas sabe‐se atualmente que existem diversas patologias em que estas substâncias podem ter um papel determinante, como causadoras ou amplificadoras das suas manifestações.
A exposição das crianças às ações dos disruptores endócrinos é particularmente preocupante. As crianças têm frequentemente contato com o solo e plantas, levando mãos e objetos à boca, bebem, comem e respiram proporcionalmente mais do que os adultos, e o seu metabolismo mais rápido torna‐as particularmente susceptíveis à ação tóxica destassubstâncias. A exposição durante a vida fetal e perinatal,são fases críticas do desenvolvimento e pode ter múltiplas repercussões negativas a longo prazo.
É necessário que a comunidade científica se mantenha empenhada neste tema e que a população se informe ativamente acerca do risco devido da presença destas substâncias, alterando comportamentos e promovendo medidas de evicção, sobretudo no feto e na criança.
Diversos estudos já começam a demonstrar os efeitos secundários da exposição aos DE, um deles é a endometriose, doença que se caracteriza pela presença de células endometriais na corrente sanguínea, e que pode causa dores abdominais, problemas urinários e intestinais e até a infertilidade.
Pesquisas apontam também para a possibilidade de que haja hereditariedade de doenças ovarianas causadas pela exposição a estrógenios ambientais.
Pesquisadores começam a apontar os DE como um dos responsáveis pela síndrome do ovário poliquístico e também pela puberdade precoce e aumento do risco de desenvolver cancro de mama. Por exemplo, podemos encontrar ftalatos em produtos de higiene pessoal que são absorvidos pela pele.
Também Hiperplasia/ Cancro da próstata nos homens,obesidade e síndrome metabólico já foram relacionados com a presença de DE no organismo.
Na Tiróide, ação dos DE pode interferir com a entrada do iodo na célula tiroidea impedindo a normal síntese de hormonas tiroideias. É o mecanismo de ação do perclorato, químico presente de modo disseminado na água. A capacidade de interferência na síntese de hormona tiroideia surge mesmo com doses muito baixas, estando a sua concentração aumenta no leite materno. O seu efeito depende da quantidade de iodo presente no ambiente, sendo que em áreas com depleção de iodo, a exposição simultânea a este químico desencadeia hipotiroidismo.
Onde podemos encontrá-los?
São encontrados em muitos objectos presentes no nosso dia-a-dia, incluindo:
- Alimentos, como a carne e produtos do campo em que foram usadas hormonas de crescimento, pesticidas químicos e herbicidas que acabam por ser consumidos à mesa ou, mesmo, usados em casa ou no jardim.
- Para além destes, também na nossa cadeia alimentar é possível encontrar disruptores endócrinos constituintes naturais de muitas plantas. São globalmente designados por fitoestrogénios, de que são exemplo as isoflavonas, que existem em quantidades consideráveis em certas plantas como a soja.
- Como conservante de alimentos, pastilhas e rebuçados.
- Produtos de plástico, cosmética, vernizes gel, produtos de beleza, shampoos e cremes.
- Anticoncepcionais e medicamentos usados na reposição hormonal.
- Protetores solares, pesticidas, herbicidas.
- Materiais dentários.
Como reduzir a exposição ao “aporte diário” de DE?
- Usar utensílios de vidro, bambu, madeira, cerâmica e inox, principalmente grávidas, lactantes e bebés nos primeiros anos de vida.
2. Comer alimentos mais naturais, verdadeiros ricos em fibras benéficas com efeito prébiotico e cuidar do intestino para que este facilite na desintoxicação diária.
3. Manter-se hidratado para melhorar a função renal e auxiliar na desintoxicação do organismo.
4. Consumir carnes que se alimentam de pasto, frutas e verduras biológicas.
5. Evitar a Soja que é rica em fitoestrogénio e que atua como DE.
6. Evitar usar o saquinho de chá, pois o papel contém DE, libertados para o chá em contato com a água quente. Rasgue-o e coloque a erva diretamente na água, depois é só coar.
7. Evitar consumir água em garrafas de plástico e optar por filtrar.
8. Controlar o peso e fazer exº físico, uma vez que a maioria destas substâncias alojam-se nos adipócitos.
9. Usar apenas vidro no microondas, mas o ideal é mesmo evitar o microondas.
10. Guardar os alimentos em taparueres de vidro e embrulhar em papel vegetal nunca em película de plástico.
11. Usar detergentes mais naturais como sabão de coco em barra.
12. Usar alternativas mais naturais ao controle de natalidade e evitar anticoncepcionais que são xenoestrogénios.
13. Usar produtos de cosmética sem benzofenona-3, homosalate, 4-metil benzilideno cânfora (4MBC), octil-metoxicinamato e octil-dimetil-PABA. Optar por maqueagem biológica.
14. Evitar o Teflon e outros utensílios com propriedade anti-aderentes. Utensílios em aço inox são uma alternativa mais barata, duradoura e saudável.
Estas são algumas formas de reduzir os efeitos prejudiciais dos DE/ xenoestrogénios no nosso organismo. Infelizmente, vivemos num mundo que é impossível eliminarmos completamente essas substâncias do nosso quotidiano, mas quem seguir as dicas acima o seu organismo se tornará mais saudável e a vida será mais longa.