Silêncio
Sugestão de leitura
Silêncio de Thich Nhat Hanh O poder da quietude num mundo ruidoso |
Qual é a nossa maior aspiração enquanto pessoas? O que nos move diariamente nas nossas ações? Pense quais são estas razões para si, e detenha a leitura por uns instantes. Em última instância, não são todas essas razões formas de atingir a felicidade? A ideia de atingirmos a felicidade continua a mover-nos pelas nossas vidas, e pensamos em diferentes formas de como a podemos atingir: a segurança de uma casa, umas férias, objetos de que gostamos, mais e melhores relações, uma boa imagem pessoal ... Perseguimos os nossos objetivos porque acreditamos que nos trarão felicidade. Mas, e a felicidade que já temos agora? Não a que queremos que chegue, mas no presente, sentimos essa felicidade? Porque a felicidade não é uma meta que se alcança, é um estado que se vive, e só se pode viver aqui e agora. Todos temos desejos e ambições, o que é algo muito positivo porque nos guia e nos dá algum sentido à vida, mas se apenas nos sentirmos realizados quando atingimos esses objetivos, o que temos nos restantes dias, nos momentos presentes? A felicidade deve ser vivida em cada instante, no presente, e todos temos a capacidade de a viver desse modo.
No livro “Silêncio” encontramos uma abordagem à felicidade e à paz interior que reside na atenção plena, algo que cada vez mais, desde as áreas da medicina e da psicologia, sabemos que contribui à nossa saúde mental e ao bem-estar de forma muito positiva. E se já tentou meditar em vão, ou pensa que se trata de um tema esotérico, este livro é excelente para si pois, escrito de forma muito simples, com linguagem acessível e universal, é uma leitura fácil para qualquer pessoa, e inclui ainda vários exemplos de meditações para integrar o que se aprende na leitura.
O que é o silêncio, porque precisamos dele e como contribui para a nossa saúde mental?
Experimente parar por uns instantes com o objetivo de “não pensar”: pode sentar-se e tentar concentrar-se apenas na sua respiração, no ar a entrar e a sair pelas narinas. Concentrando-se na sua respiração, sentirá como a sua mente vai divagando entre pensamentos, e quando dá por si já não está a “não pensar”, já está com a mente noutro lugar que não o presente. Não faz mal, é normal termos a mente agitada com todo o desassossego do mundo que nos rodeia. Tente outra vez, e sempre que notar que surgem pensamentos na sua cabeça, volte a concentrar-se na sua respiração – como se os pensamentos surgissem como nuvens no céu, que quando nos apercebemos de que estão aí deixamos que o vento as leve.
O silêncio é esse aspeto que geramos quando acalmamos a mente – é essa sensação de tranquilidade que sentiu quando deixou ir o ruído dos seus pensamentos, e pode estar apenas consigo.
O nosso pensamento é como uma rádio que nunca se desliga: está sempre ali, a reviver momentos do passado, a gerar ansiedade sobre o futuro e sobre as nossas obrigações. Mas a calma é essencial para a nossa alegria – se a nossa mente está sempre cheia, não nos sobra espaço para nós mesmos.
“O nobre silêncio concede-nos a liberdade necessária para admirar as maravilhas que nos oferece a vida, e, sobretudo, permite-nos ouvir o nosso coração: e só quando o ouvimos somos capazes de dar resposta a todas as perguntas que o enchem.”
Não são necessárias largas horas de meditação ou uma rotina diária rígida desta prática – o que nos ensina Thich Nhat Hanh é uma ferramenta para qualquer momento do dia: o silêncio interior.
Através da atenção plena aprendemos a prestar atenção ao que se passa à nossa volta, mas sobretudo ao que se passa dentro de nós – a ouvir-nos ativamente e a acalmarmos a mente.
Quando acalmamos a nossa mente, conseguimos por momentos deixar de pensar na lista interminável de tarefas que temos para fazer, que queremos ou não fazer, nos nossos problemas ou na discussão que tivemos há pouco. Deixamos tudo isso ir, porque agora, exatamente agora, não precisamos desses pensamentos – eles pertencem ao passado ou ao futuro, mas não ao presente. E o que sentimos então? É como uma janela que se abre para o nosso interior – passamos a ouvir-nos ativamente: emoções que estão tapadas por tantas camadas de pensamentos que não as ouvimos nunca. Emoções mais profundas, que precisavam da nossa atenção, e aí vamos ouvi-las: mas atenção, não vamos ficar a remexê-las, julgá-las e a racionalizá-las (isso é pensar), vamos aceitá-las e dar-lhes espaço, acolhê-las, deixá-las chegar e ir.
Estando em paz connosco próprios, estaremos mais em paz com o mundo, praticaremos a compaixão, e sentiremos a felicidade que reside em sabermos quem somos e qual o nosso propósito de vida.
“Deter-se, respirar e acalmar o pensamento: nestes três simples gestos reside o segredo da paz, do sentido e da felicidade”
Nota sobre o autor:
Thich Nhat Hanh é um emblemático monge zen-budista, escritor e ativista, que tem contribuído muito para trazer a espiritualidade zen para o ocidente. Com mais de cem livros publicados acerca de temas fulcrais para a vida e para a transformação pessoal dos indivíduos e das sociedades, a sua mensagem é de que através da atenção plena trazemos a paz para nós e, dessa forma, para o mundo. A sua vida tem sido um exemplo continuo da sua própria mensagem.
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